Entrevista sobre Projeto premiado no Concurso Morar Carioca

15/03/2011 11:06

A arquiteta Sandra Sayão, do escritório De Fournier & Associados, comandou uma equipe de arquitetos cujo projeto de urbanização de favelas ficou entre os 40 premiados no Concurso Morar Carioca.

 

A equipe do projeto: Rodrigo Líbano Soares; Raul Bueno Andrade Silva; Maria Isabel Palmeiro; Andrea Girard da Costa Bouts; Rodrigo Rinaldi de Mattos e Sandra Sayão

 

A diplomação aconteceu dia 28/1 e abre a possibilidade de o grupo vir a ser contratado pela Secretaria Municipal de Habitação do Rio de Janeiro, para aplicar seu projeto. O escritório De Fournier é associado à AsBEA.

Leia a entrevista com Sandra.

Qual foi o critério para a montagem da sua equipe?

A De Fournier tem grande experiência em urbanismo, visto que, o escritório possui vários setores complementares entre si, que vão da concepção ao desenvolvimento e detalhamento do projeto urbano. Os autores que compõe a equipe foram selecionados tendo em vista a vasta experiência nesta escala de trabalho e suas características complementares entre si.

Como foi desenvolvido o trabalho, quais os principais pontos levados em consideração?

A forma de condução do trabalho foi baseada no edital do concurso. Tratava-se de um concurso de metodologia, mas optamos por utilizar favelas consolidadas, para exemplificar nossa forma de atuação. Buscamos exemplos significativos, das três condições exigidas, favela plana, inclinada e complexo de favelas.

O projeto se destina a uma região específica ou tem caráter genérico?

Podemos afirmar que o norteador da nossa proposta considerou uma base real para o exercício das idéias, que se consolidaram em um grupo de propostas com aplicação de caráter genérico.

Como você vê a perspectiva de sua equipe vir a ser contratada pela Secretaria Municipal de Habitação do Rio de Janeiro para desenvolver o projeto?

Segundo o Prefeito Eduardo Paes, que afirmou em seu discurso de abertura da diplomação dos premiados, 100% dos escritórios selecionados, serão contratados ao longo do ano de 2011. Ele inclusive colocou a importância da continuidade de novos concursos, em fases futuras, para a criação de outros grupos de desenvolvimento de projetos para o mesmo fim.

Em linhas gerais como você define o projeto de sua equipe?

O projeto proposto pela a minha equipe teve a preocupação de não dissociar "a cidade informal da cidade formal". A proposta consistiu na construção de uma identidade híbrida, entre a favela e a cidade, esvaziando a idéia de sociocentrismo, onde determinado grupo social coloca o outro externo ao espaço da cidadania.

Para resumir, como você analisa um concurso dessa natureza?

Vivemos consensos mais ou menos plenos que variam de discursos pragmáticos ou mesmo idealizações de construções do homem baseadas no próprio homem, um ato reflexivo. Dentre as utopias veladas ou vulgarizadas pelo uso recorrente, mas em nenhum momento menos importante, a coisa pública (rés-pública/república) se apresenta como uma das que tem um apelo quase consensual. É fruto dos ideais bicentenários de igualdade, liberdade e fraternidade re-fundados pela revolução francesa na construção de uma nova república, que tem como desdobro no século vinte, as políticas de estado de bem-estar social.

 

https://www.asbea.org.br/escritorios-arquitetura/noticias/arquiteta-sandra-sayao-fala-sobre-projeto-premiado-no-concurso-morar-208215-1.asp